E ÉSSA É MINHA HISTORIA.
Até os dez anos de idade vivi
com meus avos, Sr Sebastião, e Dna Dalila, Foram eles meus pais.
Vovó era uma benzedeira muito
conhecida na cidade, e adorava literaturas assim como eu.
Meus avós cuidavam de mim
como filho, eram pobres financeiramente, mas ricos em dar amor para uma criança
esquecida pelos pais.
Mesmo morando na mesma cidade,
nunca vi o meu pai, não me lembro dele ter me visitado se quer uma única vez.
Meus avós contavam historias,
faziam brinquedos artesanais para mim, flautas de bambu, pernas de pau, carrinhos
feitos com carretéis de linha, eram muito carinhosos comigo, me ensinara a ler
antes de ir a escola.
A casa era de chão batido,
fogão a lenha e luz de lamparina, embaixo do fogão havia um litro de pinga que
vôvo tomava todos os dias uns goles antes do jantar, me lembro que a minha avó
mandava ele dar um restinho da pinga para mim, porque se não eu ficaria aguado,
(ou doente).
Quando a minha avó ia para
biquinha lavar roupas, ela me levava, quando não cantava uma de suas canções
ela acendia um cigarro de palha e com sua bacia na cabeça dava umas tragadas e fazendo
um rastro de fumaça.
Vôvo além de ser lavrador
fabricava fumos e cachimbos com pedra sabão.
UMA NOVA ÉRA.
Em 1966 morávamos em Conselheiro
Lafaiete, MG, mas em 1967 minha avó
estava enxaguando algumas roupas que estavam em uma bacia no chão da cozinha,
eu percebi que ela iria cair a segurei, mas não suportei o peso dela, e ela
acabou caindo. Ela acabara de ter um segundo AVC, e veio a falecer no dia
seguinte.
Foi neste o dia em que a
nossa vida mudou, principalmente a minha.
Ficamos sem uma mulher dentro
do lar, eu e meus dois tios e vôvo.
Eu tinha poucos amigos, mas
agora não tinha atenção de minha avó.
Mas eu gostava de brincar com
insetos, e conversar comigo mesmo, ou com os pássaros, as galinhas que eram
dezenas.
Mesmo assim eu sempre sonhava
em um dia ter uma família.
Em uma manha de 1970 eu
estava brincando enfrente a nossa casa quando um casal apareceu, e aquela
mulher me disse: oi eu sou sua mãe.
Eu como ouvia muito pouco
falar que eu tinha uma mãe, não fiquei empolgado, afinal fazia uns 11 anos ou
mais que não havia.
Minha mãe não visitava a
minha avó, por isso eu não a conheci depois de 11 anos.
Após ela me dizer que era
minha mãe, disse-me mais: vim buscar você para ir morar comigo.
Como criança eu não tinha
escolha, meus tios não podiam cuidar de mim e vovô já estava velho de mais para
cuidar de uma criança.
Antes de partirmos, disseram-me:
você vai estudar e ser engenheiro.
Eu nem sabia o que era ser um
engenheiro, somente entendia de brincar com terras ou plantar.
Eu era uma criança inocente,
e indefesa.
Mas minha convivência com
eles acabou cedo, em 1971 eu já estava
vivendo nas ruas, sem teto, sem família, sem alimento sem roupa, e sem estudar.
Por varias vezes dormi no
meio do sapezal, em construções abandonadas.
Ainda em 1972 encontrei uma família
que me ajudou, e me educou.
Mas tudo tem um preço a
pagar, naquela casa eu trabalhava muito.
Depois em 1973 eu resolvi
voltar para casa de minha mãe, mas durou alguns meses e terminei na rua outra
vez, sem teto, sem roupas e alimentação.
Mas um amigo me ofereceu um cantinho
para morar, um barraquinho que cabia uma cama e nada mais, não tinha água nem
banheiro.
Algumas vezes ele me dava
algo para comer.
Não havia um lugar para tomar
banho, e muitos aproveitavam do meu sofrimento, e me exploravam com serviços
Depois me mudei para um outro
barraco, mas uma forte tempestade derrubou, ainda bem que eu não estava dentro
na hora que caiu, minha cama ficou cheia de telhas e madeiras. Mas eu não tinha
nada, somente a cama, e um fogão de uma única boca que ficou soterrado.
Eu trabalhei para um verdadeiro
amigo, e ele sabendo do meu sofrimento, porque outro patrão me explorava. Em um
sábado ele me chamou e disse-me: Cabeção a partir de hoje eu vou transformar
você em um homem com moradia comida roupa lavada, mas tem uma condição você
nunca mais vai colocar os pés naquele bairro que você mora, porque aquele lugar
vai destruir a sua vida.
Então me mudei, mas eu sofria
dores de um ulcera, mesmo assim eu trabalhava e via que o futuro seria melhor.
Em 1978 eu já não agüentava mais
aquela dor da ulcera. Quando resolvi ir a igreja da Lapa a qual eu freqüentava quando
morava no Continental.
Mesmo assim eu continuava com
a dor.
Mas eu não fui em busca de
cura, mas rever alguns amigos. Então eu consegui ali um novo emprego. Agora empregado
em uma metalúrgica, bom salário, casa para morar educação e até carro. Fiz
cursos rápidos no senai.
Fiz alguns curso de eletrônica,
e elétrica.
Um ano depois conheci a mãe
dos meus filhos, fizemos varias viagens, e logo nos casamos.
Depois entrei na USP onde foi
meu melhor emprego.
Quando olho para traz e me
vejo caminhando nas ruas do Parque independência sem teto, sem o apoio de ninguém
hoje me sinto um vitorioso.
Deus foi tão bom comigo que
em 1998 eu me tornei empresário terceirizado da rede Bradesco e outro bancos,
pude conhecer varias regiões do Brasil.
Eu fui um menino de rua,
muitos diziam que eu seria marginal, outros riam da minha miséria.
Apelidos, cabeção, pé na
cova.
Hoje eu sou um filho que Deus
tirou do lamaçal e firmou meus pés sobre a rocha.
A MAIOR CONQUISTA.
Hoje meu filho mais velho esta com 37 anos, e minha
filha 34, tenho um neto, e uma neta que foi assassinada em 2014, e um bisneto,
filho da minha neta.
Eu caminhando para 63 anos já mais me esqueço das
vitórias que Deus me deu.
Tive muitos amigos, mas amigos mesmo somente foram
dois, O Zé Pernambuco, e uma família abençoada. que deu inicio as minhas vitórias.
Se não fosse o Zé me resgatar da Babilônia, com
certeza eu não estaria escrevendo essa historia.
O fim do Zé foi problemas mentais, a ultima vez que o
vi ele já não estava bem da cabeça.
Mas com certeza Deus o recompensou pelo bem que me
fez.
NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS.
Nunca desista de seus sonhos,
mas lembre-se que os nossos sonhos devem sempre estar dentro dos padrões de
Deus.
Conquiste sempre com lutas e
honestidades, sendo justo com todos.
Deus nos ajuda, mas é preciso
dar o primeiro passo, é preciso ter um projeto de vida para que possamos
realizar nossos sonhos.
Hoje podem rir e ignorar o
seu sofrimento, mas amanha Deus o colocara como rei. Seja um vencedor acredite
em Deus, acredite em você.
Você pode ser considerado um mendigo
para os mortais e ignorantes, mas para Deus você sempre será um príncipe.
Se formos fies com Deus, não
seremos ricos, mas teremos uma vida digna, e um futuro maravilhoso na sua gloria.
O amor maternal é cultivado
desde o berço, não é como amor de um casal, que pode acabar do dia para noite, mas
é algo que demora anos.
É um relacionamento de vidas
junto, com alegria, sofrimentos, proteção, carinho, ela tem medo de perder o
filho, é filho tem medo de perder a mãe.
Já mais ela trocaria o filho
por uma aventura, por um amor.
Nunca uma mãe lançaria seu
filho na rua com apenas 12 anos.
Eu como pai não conseguiria
viver muito tempo longe de meus filhos.
Minha mulher se deixar ela
liga para os filhos todos os dias, quer saber se estão comendo, se estão com saúde.
Um filho já mais esquecerá
cada cuidado que a mãe lhe prestou desde sua infância ate a sua velhice.
Hoje eu agradeço por tudo que
julguei ser ruim em minha vida, a estrada do sucesso não é suave.
Ódio nenhum, nem magoas, mas
tudo isso serviu para que pudesse ser um bom pai para meus filhos.
Por mim todos estão perdoados, se eu perdoou, quanto mais o nosso Deus.